sexta-feira, 13 de novembro de 2015



Precisamos falar sobre a mansidão. Talvez nenhum outro assunto seja tão relevante hoje em dia. A impressão que tenho é que o ódio prevaleceu. É irônico perceber isso agora, quando nunca tivemos tanta oportunidade de aproximação entre as pessoas em qualquer época anterior. A web surgiu como uma chance de confraternização de fato. Barreiras seriam quebradas, preconceitos seriam superados, o respeito e a tolerância ditariam uma nova era. O discurso era incrível. Mas a realidade provou que era apenas uma utopia, uma miragem no deserto de ódio e ressentimento que nos envolveu a todos. E no qual corremos o perigo de achar que esse estado de indelicadeza é normal.
Sinto um certo espanto quando vejo o perfil de amigos antigos em uma ou outra rede social. O trato doce e educado de alguns, que tanto admirava, cedeu espaço ao cinismo. A defesa de ideais, que antes era marcada pela paixão, hoje se manifesta nas redes sociais com a arrogância de quem se imagina ter uma espécie de opinião suprema. Se antes a defesa da fé ocorria na esteira da cordialidade, hoje prevalece um evangelismo autoritário, repressivo, teclado em computadores ou smartphones tendo como combustível uma ironia depreciativa.
A mesma plataforma que definiu a liberdade plena para expressar a minha opinião é a que uso para reprimir uma opinião contrária à minha. Os limites não ficam claros entre a liberdade de expressão e a liberdade de repressão. Em meio a isso, todos parecem ter uma opinião sobre tudo. Todos falam. Pouquíssimos escutam. E os que falam usam as palavras não como argumentos, mas como instrumentos de violência gratuita. “Vivemos um tempo de grande brutalidade, em todos os sentidos, para tudo e para todos”, disse recentemente o ator Lázaro Ramos, comentando ataques racistas nas redes sociais contra sua esposa, Taís Araújo.
Lembro de Walden, livro do escritor Henry David Thoureau. Walden é ensaio biográfico e relato de uma experiência social. Transtornado pela corrosão das relações na sociedade norte-americana, sob imensa influência da industrialização e crescente urbanização, Thoureau, então com 28 anos, decide viver no bosque. Isolado do mundo. Redescobrindo a vida e o sentido de humanidade. “Temos de aprender a redespertar e nos manter despertos, por uma infinita expectativa da aurora”, afirmou. Eu também busco uma aurora. E é no desejo por ela que muitas vezes também prefiro o silêncio.
Acredito que não é preciso uma experiência tão radical para superar esse estado de intolerância. Mas para que a superação aconteça, é preciso viver a mansidão, como fruto do Espírito. O apóstolo Paulo definiu a mansidão como uma vocação cristã, que precisa ser exercida com humildade, delicadeza e compreensão mútua (Efésios 4:2). Como chegar a este modelo de conduta em um mundo dominado pela provocação? A escritora e educadora Ellen White escreveu algo formidável a esse respeito: “O espírito que se conserva manso em face da provocação, dirá mais em favor da verdade, do que o fará qualquer argumento, por mais vigoroso que seja”. – O Desejado de Todas as Nações, pág. 353.
IMAGEM DA INTERNET
Como praticar a mansidão em plena era digital? Como dito acima, a mansidão é fruto do Espírito, e como tal precisa ser cultivado. Eu tento seguir três atitudes. Mentiria se dissesse que é uma composição fácil. É algo difícil e que precisa ser praticado, até mesmo incluído em momentos de meditação e devoção. Mas quero compartilhar com você, e espero sinceramente, se você também busca viver a mansidão, que o ajude. São eles:
1. Você não precisa ter opinião sobre tudo, muito menos expressá-la na velocidade preconizada pelas redes.As possibilidades da comunicação digital permitiram que todos nós, repentinamente, tivéssemos opinião formada sobre qualquer coisa. De um momento para outro, viramos todos especialistas. Política, religião, comportamento, ciência, economia, geopolítica, teologia, sexualidade, medicina, direito, criminalidade, justiça, punição, vida, morte. Qualquer que seja o assunto, todos têm uma opinião a respeito. E essa opinião é resultado não de profunda análise, muito menos do estudo, mas do desejo de pertencer, de ser aceito, ou de superar inseguranças com um posicionamento. E também porque a informação é fácil e abundante. E essa é também uma ironia: o excesso de informação leva ao excesso de opinião, e esse é o caminho largo para a desorientação. Não se sentir obrigado a participar de uma conversa pode ajudá-lo a colaborar de forma mais íntegra com esta mesma conversa. Você pode explorar o silêncio para ouvir mais. E pode expor sua opinião com calma, sem o apelo do comentário em “tempo real”.
2 – Você não precisa ter sempre razão.A base da intolerância é a necessidade de ter razão sempre, de não dar o braço a torcer. Este é um sintoma bem específico desses tempos digitais. As discussões não se cruzam, porque estão em linhas paralelas. Mais do que ajudar o outro, o interesse é superar um embate. Mágoas, remorsos e até mesmo ódio se multiplicam quando o que está em jogo é apenas defender o seu ponto de vista, por melhor que ele seja.
O pastor Donald Miller, autor de Como os pinguins me ajudaram a entender Deus, tomou uma decisão a esse respeito que considero inspirada. Falando acerca de discussões sobre crença, ele escreveu:
“Meu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe – e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso.”
3 – Desenvolva uma comunicação compassiva.Marshall Rosenberg, doutor em psicologia clínica da Universidade de Wisconsin e estudioso da comunicação não-violenta, afirma que grande parte dos desentendimentos entre as pessoas pode ser amenizada ou mesmo evitada com o emprego da “linguagem da compaixão”. Segundo ele, esse é um processo de comunicação que promove o respeito, a atenção, a empatia e gera o mútuo desejo de entrega a uma vida em favor do outro.
Um grande desafio que temos hoje em dia é negligenciar uma cultura que celebra resultados individuais acima da saúde das relações coletivas. A cultura digital é alimentada pela cultura do indivíduo, aquele que consegue mais cliques, mais flashes, mais compartilhamentos, mais capacidade viral. Penso que esse egocentrismo é o alimento para um estado de distorção muito comum hoje em dia, que é a incapacidade de auto-crítica. Uma cultura que apenas aplaude nos deixa tão despreparados para observar nossos erros que censuramos qualquer avaliação de nossas opiniões que não seja a aceitação. A agressão resultante é apenas uma consequência.
Um espírito manso é capaz de progredir em pessoas capazes de negar sua própria importância. Lembro de Paulo, mais uma vez: “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24).

POR: Heron Santana



IMAGEM DA INTERNET
“Tá na hora da novela”. Esta expressão marcou a vida de muitas pessoas. O produto da TV brasileira marcou gerações, reunindo as famílias em frente ao aparelho e fazendo com que este se tornasse um ícone da cultura do nosso país, conhecido e reconhecido internacionalmente.
Com algumas exceções, recentemente as novelas brasileiras estão perdendo os índices de audiência assustadoramente. Saímos de quase 100% de famílias ligadas em momentos importantes das tramas (caso da mítica “Roque Santeiro”) para os comemorados 20 e poucos pontos de audiência média. Especialistas tentam apontar motivos: falta de interesse pela televisão, concorrência da internet, falta de criatividade, histórias sem brilho. Nada parece explicar o ocaso do formato, que fez com que a TV Globo, grande produtora de novelas, repensasse os tradicionais horários de transmissão. Outra saída: o forte apelo sexual e de tragédias trazido nas histórias, que agora mostram a imagem denegrida da humanidade em alta definição. Nada levanta de forma sustentável os índices.
Mas um fenômeno veio forte, trazendo as pessoas novamente para a frente do televisor para assistir uma trama novelística. O nome? Os Dez Mandamentos. A Rede Record de Televisão já vinha apostando em histórias bíblicas na sua produção de teledramaturgia, mas foi a primeira vez que encarou manter uma novela inteira dentro do tema.
O programa “bombou”, sendo líder de audiência e fazendo com que surgisse algumas perguntas: como uma história bíblica pode fazer sucesso numa novela? Ou ainda: uma história bíblica tem apelo para este público moderno, aparentemente tão arredio a temas religiosos tradicionais?
Esta última questão, que demonstra uma possível falta de vontade do indivíduo contemporâneo com religião, não é feita à toa. Assim como as novelas, religiões tradicionais parecem perder fôlego. Tanto que, quando aparecem visões aparentemente “progressistas” como a do Papa Francisco com a Igreja Católica, falando sobre uma espécie de atualização da religião, há uma aclamação enorme por parte da opinião pública. Muitos estudiosos e pensadores críticos da sociedade moderna atestaram inúmeras vezes a morte da religião ou declaram abertamente a posição ateísta/teísta e de desdém para com o tema da religião e de Deus, como Richard Dawkins, Jonathan Miller e Edward Wilson, só pra citar alguns.
Será mesmo o ser humano moderno (ocidentalizado, vivendo numa era cibercultural) um antirreligioso?
Seres da religião
Recentemente, nos meus estudos de doutorado, tive acesso a uma obra que considero brilhante, que é a Sociologia da Tradução. Seu principal nome, o sociólogo francês Bruno Latour. Latour, professor do Institut d’Etudes Politiques de Paris, vem conduzindo uma pesquisa de mais de 20 anos que ele chama de “Antropologia dos Modernos”. Nela, tenta entender o indivíduo contemporâneo e todas as suas facetas. No seu mais recente livro, “Enquête sur les Modes d’Existence”(não publicado no Brasil), ele apresenta um capítulo chamado Congratulando-se com os seres sensíveis à Palavra. Neste, o autor fala que, ao contrário do que a sociologia tradicional vem demonstrando, os modernos, sim, são “seres da religião”. Há uma propensão do moderno a ver com bons olhos a religião, e com ela a manutenção de algumas disfunções da religião, como o fanatismo e o dogmatismo por exemplo.
Embora o contundente estudo de Latour indique a posição positiva da modernidade ante a religião, não sei se podemos dizer que o sucesso de Os Dez Mandamentos se explica por este fenômeno. De uma maneira simples, deve-se considerar que a história apresentada na Rede Record contém variáveis importantes, como atores famosos, um roteiro bem montado, cenários bem feitos e uma produção com qualidade técnica cinematográfica. E, claro, o principal: uma história tremendamente cativante, um sucesso desde a premiadíssima e homônima produção de Cecil deMille, com Charlton Heston, Anne Baxter e Yul Brynner nos papéis principais, um ícone cult do cinema que fez recentemente 59 anos desde seu lançamento.
O grande ponto que deve ser ponderado é: a novela “Os Dez Mandamentos” tem acendido a luz da Bíblia em muita gente. Isso é muito positivo. Dados iniciais mostravam que a audiência era pesada no meio evangélico, mas é fato que a produção bem feita viralizou a história pra outros públicos e ganhou espaços importantes nos corações para a mensagem bíblica. Icônico mesmo é que a novela tem ganhado a preferência da população numa época em que a Globo, muito forte com esse tipo de programa, tenha tido que praticamente cancelar o seu último folhetim de horário nobre que possuía um nome bem sugestivo: Babilônia.
O que nos diz estas coisas? Mais do que nunca é hora de comunicar a Bíblia. Esta é uma oportunidade ímpar e não pode-se deixar passar. Independente de a sociedade moderna estar ou não propensa a abrir as portas para a religião e mesmo se a trama da novela é fiel ao texto bíblico, se milhões de brasileiros estão acompanhando e gostando de uma história bíblica, deve-se apresentar ainda mais a Bíblia de maneira real e completa. E principalmente, apresentar os Dez Mandamentos, aqueles que “permanecem firmes para todo o sempre” (Salmos 117:8).
Aproveitemos a boa oportunidade para, com a luz da mensagem bíblica, dissipar as trevas da “Babilônia” e levar o Deus dos Dez Mandamentos ao mundo!
IMAGEM DA INTERNET
PARA LER, VER E OUVIR MAIS
“A Imutável Lei de Deus” – Capítulo 25 do livro “O Grande Conflito”, de Ellen White –http://oconflitodosseculos.blogspot.com.br/2009/10/25.html
“Mar Vermelho afoga o Egito Global” – Texto de Michelson Borges www.criacionismo.com.br/2015/11/mar-vermelho-afoga-o-egito-global.html?m=0
“Modes of Existence” – Site oficial da pesquisa antropológica dos modernos, de Bruno Latour –http://modesofexistence.org/
POR: Fábio Bergamo

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