Algumas pessoas têm 
naturalmente temperaturas um pouco mais elevadas do que outras, podendo 
apresentar algo em torno de 37,5ºC ao final do dia sem que isso tenha qualquer 
significado clínico. Por outro lado, há aqueles que possuem temperatura basal 
mais baixa, às vezes próximo de 35,5ºC. Nestes, uma temperatura de 37,5ºC é bem 
acima do seu normal. Portanto, antes de se diagnosticar uma febre, é importante 
saber qual a temperatura habitual do 
paciente.                                            
Consideramos febre a 
elevação da temperatura corporal acima da média do paciente. Como muitas vezes 
não temos um histórico da variação habitual da temperatura de cada indivíduo, 
usamos os valores médios encontrados em estudos para definir os limites de 
temperatura que indicam febre.
É importante ter em mente também que o modo como medimos a temperatura corporal pode fornecer resultados diferentes. Quanto mais próximo do centro do corpo, maior será a temperatura.
Podemos aferir a temperatura corporal de quatro maneiras, com resultados diferentes:
É importante ter em mente também que o modo como medimos a temperatura corporal pode fornecer resultados diferentes. Quanto mais próximo do centro do corpo, maior será a temperatura.
Podemos aferir a temperatura corporal de quatro maneiras, com resultados diferentes:
·           
Temperatura axilar 
- normal até 37,2ºC.
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Temperatura oral 
(boca) - normal até 37,5ºC.
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Temperatura 
timpânica (ouvido) - normal até 37,5ºC.
·           
Temperatura retal 
(ânus) - normal até 38ºC.
Aumentos da temperatura 
corporal podem ocorrer em situações que não indicam doença, como exercício 
físico, ambientes muito quentes ou frios, excesso de roupa ou alterações no 
ciclo hormonal feminino. Mulheres durante o período de ovulação apresentam um 
aumento de até 0,5ºC na sua temperatura corporal.
Para evitar fatores que podem ser distorcidos, normalmente consideramos febre uma temperatura maior que 37,5ºC na axila ou 38ºC no ânus.
Chamamos de febrícula, ou estado subfebril, os aumentos de temperatura entre 37,2ºC e 37,8ºC, que muitas vezes não apresentam significado clínico nem indicam doenças não infecciosas.
Existe febre interna?
Na verdade, toda febre é interna, pois a temperatura se eleva no centro do nosso corpo e, por transmissão, chega à pele. Porém, não existe a possibilidade de o paciente ter febre e ela não ser perceptível pelo termômetro. Se a temperatura do corpo se eleva, o termômetro a captará. Não existe o que as pessoas costumam chamar de febre interna, que seria supostamente um estado de febre que ficaria restrito ao interior do corpo, não sendo identificado pelos termômetros. O nosso organismo é um só. A febre é o aumento da temperatura de todo o corpo, inclusive da pele. Se o termômetro não mostra febre é porque não há febre. Não há como o corpo ter febre internamente e a pele não aquecer junto. Nosso corpo não é garrafa térmica para ficar quente por dentro e frio por fora.
Também é comum as pessoas dizerem que estão com febre na perna ou febre na mão. Isso também não existe. Realmente é possível ter um aumento de temperatura apenas de uma parte específica do corpo, mas isso não é febre. O aumento localizado ocorre em alguns processos inflamatórios, como em inflamações de uma articulação, como nos casos de crise de gota ou em infecções da pele, como na erisipela, por exemplo. Normalmente essa inflamação localizada também apresenta além do aumento de temperatura, dor e vermelhidão local.
Como surge a febre?
A temperatura do nosso corpo é controlada por uma região do cérebro chamada hipotálamo, que funciona como uma espécie de termostato. Em média, nosso termostato fica ajustado para 36,5ºC, que é a temperatura ideal para o funcionamento do organismo. Já explicamos, porém, que em algumas pessoas o termostato pode ficar ajustado para uma temperatura mais próxima de 37ºC sem que isso tenha qualquer relevância clínica. A média habitual de cada indivíduo é chamada de setpoint da temperatura.
O hipotálamo age de modo a 
evitar grandes variações na temperatura do corpo, aumentando a perda de calor 
quando está mais quente e aumentando a produção de calor quando está frio. 
Obviamente, nosso corpo tem um limite e, se a temperatura ambiente estiver muito 
diferente da nossa temperatura corporal, precisaremos de ajuda artificial, como 
casacos ou ar condicionado.
Quando somos invadidos por 
micróbios, como vírus e bactérias, nosso corpo ativa suas células de defesa para 
combater esses germes. Durante a batalha entre os glóbulos brancos e os 
invasores, os primeiros produzem substâncias que levam à produção de 
prostaglandinas, mediadores inflamatórios que ajudam no combate às infecções. As 
prostaglandinas são as substâncias responsáveis pela presença de inflamação e 
dor, e quando alcançam o hipotálamo, fazem com este aumente a temperatura 
corporal. 
O hipotálamo, sob o efeito 
das prostaglandinas, passa a induzir o nosso organismo a produzir calor e 
aumentar o seu setpoint. Em vez de 36,5ºC, o corpo agora passa a 
considerar sua temperatura correta em algum ponto acima dos 38ºC.
Com a elevação do 
setpoint, o hipotálamo passa a mandar o organismo se aquecer. O corpo gera 
calor de várias maneiras, através da contração muscular, dos calafrios, da 
constrição dos vasos sanguíneos da pele, da aceleração dos batimentos cardíacos 
etc. O corpo fará o que for preciso para gerar e preservar calor até chegar à 
temperatura desejada pelo hipotálamo. Nesse momento você está todo encolhido, 
tremendo, cheio de roupa e debaixo de um cobertor.
A temperatura de 36,5ºC só 
é restabelecida quando há diminuição do estímulo das prostaglandinas. É por isso 
que os anti-inflamatórios e antitérmicos, drogas que inibem as prostaglandinas, 
atuam sobre a febre. Essas drogas eliminam as prostaglandinas circulantes, 
suspendendo o estímulo que o hipotálamo estava recebendo para aumentar a 
temperatura do corpo.
Quando as prostaglandinas 
diminuem, o hipotálamo volta a reduzir o setpoint, e o corpo, para 
rapidamente de reduzir sua temperatura, provoca uma sudorese intensa, dissipando 
o calor. É por isso que, às vezes, suamos muito depois de tomar algum 
antitérmico. O suor é um dos modos de o organismo perder calor rapidamente.
Por que quando fazemos 
exercícios sentimos calor e quando temos febre sentimos frio, já que nos dois 
casos ocorre elevação da temperatura corporal? 
A resposta para a pergunta 
está no setpoint estabelecido pelo hipotálamo. O frio ou o calor são na 
verdade uma interpretação do cérebro para a nossa temperatura corporal, e não 
necessariamente têm a ver com a temperatura ambiente.
No caso do exercício 
físico, o cérebro está programado para manter a temperatura por volta dos 
36,5ºC. Quando os nossos músculos geram uma grande quantidade de calor, o 
cérebro reconhece que o corpo está se aquecendo, estando acima da temperatura 
estabelecida como correta, e passa a tomar providências para esfriá-lo. Suamos 
muito e os vasos da pele ficam bem dilatados, o que facilita a dissipação do 
calor do sangue.
Na febre, o hipotálamo 
programa o termostato para, por exemplo, 40ºC. Enquanto o corpo não chegar a 
essa temperatura, o cérebro vai mandar informações dizendo que está frio. 
Podemos estar com 38,5ºC de febre e ainda assim o cérebro interpretará isso como 
temperatura corporal baixa. Além disso, a contrição dos vasos da pele também 
colabora. A pele é o principal meio de perda de calor. Quanto mais sangue há 
circulando na pele, mais calor se perde. Durante a febre, o cérebro quer nos 
aquecer e boa parte do volume sanguíneo é desviado para o centro do corpo, 
principalmente para nossos órgãos, deixando a pele menos perfundida. A 
diminuição do aporte de sangue para a pele ativa os sensores para calor que nela 
existem, levando à sensação de frio. O corpo sente frio porque a pele está mal 
perfundida.
Para que serve a febre?
As bactérias e vírus gostam de viver em temperaturas ao redor dos 36-37ºC. É o ponto em que eles são mais ativos. O aumento da temperatura corporal tem como objetivo atrapalhar as funções básicas dos invasores e também estimular a função das nossas células de defesa, que passam a funcionar melhor nessas temperaturas.
As bactérias e vírus gostam de viver em temperaturas ao redor dos 36-37ºC. É o ponto em que eles são mais ativos. O aumento da temperatura corporal tem como objetivo atrapalhar as funções básicas dos invasores e também estimular a função das nossas células de defesa, que passam a funcionar melhor nessas temperaturas.
A febre também é um sinal 
de alerta que nos indica que algo de errado está acontecendo. Com a idade, 
perdemos progressivamente a capacidade de gerar calor, e muitos idosos 
apresentam infecções graves sem febre. A ausência de febre e seus sintomas fazem 
com que o doente demore mais tempo para procurar auxílio médico, o que favorece 
o desenvolvimento da sepse.
Quais são os sintomas da febre?
A febre não é apenas um 
aumento da temperatura corporal, ela habitualmente vem acompanhada de outros 
sinais e sintomas. Os mais comuns são o aumento da frequência cardíaca e 
respiratória. O coração aumenta sua frequência, em média, em cinco batimentos 
por minuto a cada 1ºC de elevação na temperatura corporal.
Os calafrios, como já 
explicados, são comuns e fazem parte do processo de elevação da temperatura do 
corpo. Do mesmo modo a sudorese também costuma surgir, geralmente no momento em 
que a febre começa a ceder.
A febre também costuma 
causar outros sintomas, como mal-estar, perda do apetite, prostração, dor de 
cabeça e dores pelo corpo. Em alguns casos, principalmente em idosos, a febre 
muito alta pode causar delirium. Nas crianças pequenas pode haver crise 
convulsiva.
Alguns indivíduos, 
principalmente idosos, recém-nascidos, insuficientes renais crônicos e pacientes 
em uso de corticoides, podem não desenvolver febre. Esses pacientes, quando 
infectados, apresentam um quadro mais discreto, às vezes apenas com prostração e 
perda do apetite.
Se a febre ajuda no combate às infecções, por que então 
baixá-la?
Como acabei de explicar, 
a febre causa muitos sintomas desagradáveis. Se o paciente já está sendo 
corretamente tratado para a infecção ou se a febre é causada por algo não 
infeccioso, como câncer, doenças autoimunes ou exposição exagerada ao sol, ela 
tem pouca utilidade e sua eliminação melhora muito o bem-estar do paciente.
A febre é um sinal de 
defesa importante, mas ela não é indispensável no tratamento das infecções. Não 
há vantagens em deixar o paciente sentindo-se mal com temperaturas acima de 
39,0ºC. Além disso, a febre em pessoas debilitadas como em casos de anemia, 
insuficiência cardíaca ou pessoas muito idosas pode causar descompensação dessas 
suas doenças. Apenas como exemplo, para cada 1ºC de elevação na temperatura 
corporal há um aumento de 13% na demanda por oxigênio. Pacientes com doenças 
pulmonares podem não conseguir comportar esse aumento do consumo de oxigênio 
pelas células.
Se temperaturas um pouco 
elevadas podem ajudar no combate aos invasores, quando acima dos 39,0ºC, esse 
benefício parece desaparecer.
Tratamento da febre
A maioria dos casos de 
febre tem origem viral e se resolve espontaneamente após alguns dias. O uso de 
anti-inflamatórios ou antipiréticos ajuda a reduzir a febre temporariamente, 
melhorando o bem-estar do paciente. Essas drogas não agem diretamente na causa 
da febre, portanto, não aceleram o processo de cura. A Dipirona (Metamizol) ou 
Paracetamol são habitualmente os medicamentos mais usados para baixar a febre. A 
aspirina também é um bom antipirético, porém seu uso pode estar contraindicado 
em algumas doenças febris, principalmente na dengue e na catapora.
Um método para baixar a 
temperatura muito usado antigamente era colocar o paciente em uma banheira cheia 
de água gelada. Não se faz mais isso atualmente. Se o objetivo é baixar a febre 
rapidamente, o melhor é usar esponjas úmidas com água fria (ao redor dos 20ºC) 
para molhar a pele do paciente. Quando a água em contato com a pele pode 
evaporar há mais perda de calor do que quando há submersão em uma banheira ou 
piscina. A água muito fria pode causar constrição dos vasos da pele, diminuindo 
a perda de calor. Lembre-se, o importante não é esfriar a pele, mas sim 
facilitar perda de calor que vem do centro do corpo. O melhor mesmo é usar as 
esponjas, simulando uma grande sudorese.
Passar álcool na pele não ajuda em nada.
LEMBRE SE, NUNCA SE AUTOMEDIQUE PROCURE AJUDA DE UM MÉDICO!
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Dr. Alexandre 
Ascencio – CRM  144.116
CONSULTORIO MÉDICO: 
AV. PRES. JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA 753  SALA 82 – CENTRO, SOROCABA, SP.
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